ITC Vertebral – Instituto de Tratamento da Coluna Vertebral
Desde 2005, o fisioterapeuta Helder Montenegro desenvolve no Instituto de Tratamento da Coluna Vertebral (ITC Vertebral) um método não-cirúrgico de Reconstrução Músculo-Articular da Coluna Vertebral para pacientes com hérnia de disco e outras lesões da coluna. O tratamento é dividido em cinco etapas. A primeira é a fisioterapia manual, na qual movimentos de mobilização articular são realizados através de pequenas trações manuais e deslizamento entre as estruturas e podem diminuir a dor, o espasmo muscular e o edema, melhorando, dessa maneira, a mobilidade sem alongar os tecidos. Na segunda etapa, é utilizada a mesa de tração eletrônica TRITON DTS, que possui um mecanismo de deslizamento com molas que controlam o atrito do paciente sobre a mesa e garante progressão segura e suave nos processos de aplicação e retirada de carga de tração. Logo depois, o paciente é submetido à mesa de flexão e descompressão, onde aplica-se uma força de descompressão associada à flexão da coluna vertebral exatamente no nível a ser tratado. O quarto processo é de estabilização vertebral, em que há o fortalecimento dos músculos profundos da coluna vertebral e melhoria do grau de estabilidade vertebral. Por fim, após o término das sessões previstas, é fundamental buscar alternativas para manter os benefícios decorrentes do tratamento, como o Pilates ou a musculação.
O diferencial do nosso programa
No Brasil e em muitos países, a fisioterapia é praticada de um modo geral sem uma sequência e um fechamento do tratamento. Todos os problemas são tratados por números aleatórios de sessões. Ganhamos esse pensamento por exigência dos planos de saúde, que impõem um atendimento em “massa”, tornando impossível uma fisioterapia personalizada, de boa evolução e previsibilidade. Na maioria das vezes, os pacientes param o tratamento no momento em que acharem conveniente ou quando o seguro chega ao limite do número de atendimentos.
O programa desenvolvido pelo ITC Vertebral é, por sua vez, exclusivo. Nele, o fisioterapeuta assume todos os processos do tratamento, inclusive comunicando ao paciente o tempo de duração e previsão de alta. O grande diferencial desse programa está em o fisioterapeuta assumir todas as etapas do tratamento até o momento da alta do paciente – e o mais importante: acompanhar e monitorar o paciente no pós-tratamento, por meio de uma manutenção permanente de exercícios específicos e preventivos para evitar novas recorrências dos problemas que foram tratados. Isso significa que o paciente é acompanhado durante todo o processo e, depois, é encaminhado para a prática de uma atividade física que irá manter os resultados obtidos pelo tratamento fisioterapêutico e médico.
Vale ressaltar que tratar hérnia de disco e demais patologias da coluna vem sendo um grande desafio para os profissionais de saúde. Para se ter uma ideia, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% da população terá pelo menos um episódio de dor nas costas durante a vida1. Além disso, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)2, somente a hérnia de disco acomete 5,5 milhões de brasileiros, sendo a segunda causa de afastamento do trabalho e a terceira causa de aposentadoria precoce. No quesito consulta médica, as dores nas costas perdem apenas para as doenças do coração. Existem vários tratamentos para a hérnia de disco. Um deles é a cirurgia, mas pesquisadores médicos garantem que a intervenção é necessária em apenas 5% dos casos.
Recursos utilizados no nosso programa
– Fisioterapia Manual
A fisioterapia manual no Brasil virou uma especialização. São muitas as universidades que adotaram o sistema de pós-graduação em fisioterapia manual. A técnica é conservadora; ou seja, não existe a necessidade de cirurgia para tratar a maioria das doenças graves da coluna vertebral. Nos tratamentos realizados com a fisioterapia manual, o fisioterapeuta obrigatoriamente presta um serviço personalizado e os resultados são satisfatórios.
Priorizamos a fisioterapia manual por concordar com o conceito de que a essência da nossa profissão está em devolver a funcionalidade e a biomecânica das estruturas sem causar danos ao paciente. As técnicas manuais convergem para estes princípios, desde que sejam realizadas por profissionais experientes e com critérios de avaliação que direcione o melhor caminho. Este foi o consenso que vários especialistas do mundo inteiro obtiveram para conceituar a fisioterapia manual: “ela tem como objetivo restaurar o movimento máximo e indolor do sistema músculo-esquelético no equilíbrio postural”.
Existe um consenso no nosso grupo que devemos utilizar as seguintes técnicas dentro do nosso programa: osteopatia, Mulligan e Mckenzie. Cabe ao fisioterapeuta classificar a dor ou o problema e escolher a melhor técnica. No ITC Vertebral, utilizamos todas, embora as que mais praticamos, ao longo desses anos de profissão, são as técnicas que preconizam os movimentos articulares, que permitem mobilizar cada articulação ou conjunto de vértebras de acordo com suas patologias, sintomas, estado geral do paciente para, no fim, trabalhar com a globalidade. Devemos sempre tratar a coluna vertebral com os mesmos princípios e diretrizes com os quais tratamos as grandes articulações (joelho, ombro, tornozelo etc.). O importante é conhecer a anatomia, a mecânica do segmento tratado e a lesão que foi instalada.
O fisioterapeuta ou profissional de saúde que trabalha com a coluna vertebral tem por obrigação saber todas as possibilidades de movimentos de cada conjunto de vértebras, pois sabemos que os ângulos articulares e a capacidade de movimentos são diferentes entre a coluna cervical, torácica e lombar. Dessa forma, deveremos ficar sempre atentos para mudanças de estratégia e condutas adotadas para cada tipo de lesão e principalmente com os pacientes que são muito sensíveis a dor.
– Mesa de tração
Na criação do nosso programa, a mesa de tração era a peça fundamental. Nós creditávamos todo o sucesso dos tratamentos a ela. Hoje continuamos utilizando esse equipamento, mas reduzimos significativamente seu uso. Com a introdução do modelo de subclassificação no nosso Instituto, em 2009, percebemos que os caminhos para os bons resultados melhoraram e mudaram. Hoje, essa mesa é utilizada para um grupo pequeno de pacientes. Com isso, diminuímos também a quantidade de pacientes que ficavam com mais dor após uma sessão, pois normalmente esse fato acontecia quando usávamos a mesa de tração em todos os pacientes.
Fazemos um alerta para as pessoas que utilizarão esse equipamento: procure saber se o fisioterapeuta recebeu a certificação direta da fábrica e se os seus sinais clínicos se enquadram para o uso deste equipamento. Fomos buscar essa certificação nos Estados Unidos e passamos com muito critério para os fisioterapeutas no Brasil. No Brasil, essa mesa está sendo comercializada de maneira aleatória; na maioria das vezes, os profissionais estão adquirindo sem nem saber como utilizá-la e sem ter tido uma escala de aprendizagem.
Há um consenso no mundo inteiro sobre os critérios de escolha do tipo de tratamento que devemos adotar. Todo ele é baseado nos estudos dos subgrupos das dores na coluna. Criamos um software e implementamos um algoritmo para estas subclassificações das dores nas costas. Com esta tecnologia, somada às evidências científicas, conseguimos pontuar as melhores técnicas fisioterapêuticas para cada tipo de sinais e sintomas da coluna vertebral. Com isso, reduzimos o tempo para melhora das dores dos pacientes e estamos colhendo excelentes resultados.
– Mesa de flexão
Outro equipamento é a mesa de flexão. Esta mesa possibilita que o fisioterapeuta tenha controle sobre a mobilidade da coluna vertebral do paciente, permitindo movimentos de flexão, extensão e látero-flexão. Assim, o tratamento pode ser realizado com mais conforto. Mas, como todo aparelho, esse também exige que o fisioterapeuta passe por uma escala de aprendizagem mais criteriosa ainda, pois os principais movimentos são determinados pelo profissional, e não pela mesa.
– Programa de estabilização segmentar vertebral
Também é utilizado no nosso programa o equipamento Stabilizer. É um aparelho simples destinado a registrar as alterações e pressões que permitem detectar o movimento da coluna e suas compensações durante o exercício. Com esse equipamento, podemos implantar o programa de estabilização segmentar vertebral que preconiza fortalecer os músculos que protegem a coluna. A estabilização vertebral é um conceito desenvolvido por pesquisadores australianos, baseados em estudos de bioengenharia5. Quando a coluna perde a capacidade de se manter estável, a isso se dá nome de instabilidade vertebral, que é caracterizada por perda da capacidade de contenção de movimento dentro dos limites fisiológicos articulares, aumento da mobilidade e movimento anormal vertebral (cizalhamento).
Para manutenção da estabilidade vertebral, é necessário controle intervertebral (controle dos movimentos de rotação e translação intervertebrais durante movimentos combinados entre a coluna lombar e a pélvis), controle de orientação lombo-pélvica (manutenção da boa postura durante os movimentos, para melhor distribuição de cargas imposta à coluna) e controle do equilíbrio de todo o corpo. A estabilização é feita por músculos profundos da coluna vertebral, em especial dois músculos: o transverso abdominal e os multífidos. Esse sistema muscular protege as estruturas articulares da coluna de micro e macrotraumas, dor recorrente e alterações degenerativas. Foi comprovado que, com a ação dessa musculatura, quando utilizada de forma isolada, ou seja, sem a participação dos outros músculos abdominais, obtém-se um efeito de proteção maior e melhor.
Ficou provado também nas pesquisas em pacientes que sofrem um primeiro episódio de dor que essa musculatura profunda já sofre uma atrofia e, consequentemente, há uma perda no controle motor desses pacientes, resultando posteriormente numa instabilidade vertebral. Há um aumento da fadigabilidade e diminuição da área seccional transversa dessa musculatura. O aprendizado de uma boa contração dos músculos transverso do abdômen e multífidos poderão promover uma grande contribuição para estabilidade vertebral. Quando esse sistema muscular está treinado para realizar uma contração isolada, ou seja, sem ação de músculos superficiais ou compensações, isso resultará em uma estabilidade.
Três fases
A utilização dessa musculatura pelo paciente deve ser incentivada em uma primeira fase de aprendizado, na qual o terapeuta explica a importância, a função, a localização e a palpação dos músculos correspondentes. Em uma segunda etapa, coloca-se o treino de estabilização com sequências pequenas de contração e relaxamento, para melhorar a qualidade dessa contração. Em uma terceira etapa, ensina-se o uso em movimentos básicos do dia a dia, pois assim ele poderá evoluir essa utilização para outros movimentos realizados durante o seu dia, incluindo principalmente essas contrações em uma sala de musculação ou de pilates.
A ideia principal desse treinamento é que o paciente use essa contração do transverso abdominal de forma constante até que ela seja realizada em um automatismo. Ou seja, sem “perceber”, ele a contraia para toda e qualquer forma de movimento no seu cotidiano. Com todos esses conceitos e explicações, fica claro que a participação direta do paciente durante o processo de reabilitação e depois é imperativa. Não podemos esquecer os músculos externos, também chamados de dinâmicos ou músculos dos movimentos. São estruturas de fundamental importância no processo de reabilitação e manutenção dos problemas de coluna vertebral. Cientistas comprovaram que a fraqueza destes músculos pode provocar lesões e dores na coluna.
Pesquisas também apontam que trabalhadores que permanecem na posição de pé por mais de duas horas podem desenvolver dores nas costas, como também fraqueza e fadiga nos músculos glúteos máximo e médio e no complexo lombo-pélvico. Estes indicadores mostram que as nossas estratégias de exercícios devem contemplar inicialmente dois grupos de músculos, os profundos e alguns superficiais. A forma e o momento em que estes músculos devem ser tratados exigem uma atenção maior dos profissionais, pois, de acordo com os sinais e sintomas do paciente, estes exercícios poderão ser prioritários, mesmo na fase inicial do tratamento.
Portanto, nós, profissionais de saúde, devemos dar mais atenção nesses casos aos nossos pacientes, precisamos orientá-los de maneira incisiva e prática para que eles participem constante e verdadeiramente de todas as etapas do tratamento. Sei que existia e ainda existe uma grande lacuna nos tratamentos das lesões degenerativas da coluna vertebral. Uma grande falha vem do próprio fisioterapeuta, pois a maioria são profissionais sedentários, não praticam esportes e, consequentemente, não têm coordenação motora. Com isso, não conseguem demonstrar as complexidades das contrações musculares, as posturas exigidas para a execução de determinados exercícios e os inúmeros exercícios que fortalecem a coluna vertebral.
A outra grande falha está em não saber a hora em que termina o nosso trabalho e se iniciam as orientações do profissional de educação física. Por esse motivo, junto com todo o nosso gru-po, estamos implementando um modelo mais definido para a fase final do tratamento. A ideia é criar um modelo de comportamento corporal para prevenção de dores nas costas e de exercícios que possam também prevenir e dar manutenção dos tratamentos existentes. Assim, o grande desafio para todos nós está nos pós-tratamentos, sejam cirúrgicos, fisioterapêuticos, medicamentosos etc. O importante é ter um programa definido de exercícios baseado em evidências científicas que mantenham a população afastada dessa epidemia.
Segundo o Dr. Helder Montenegro, a cirurgia não deve ser uma opção imediata, sendo necessária somente quando não há resposta terapêutica ao tratamento. Dos pacientes das clínicas do ITC Vertebral em todo o Brasil, 87% obtêm resultados satisfatórios ao método. “É importante salientar a importância da continuidade do tratamento com a musculação ou o pilates para o fortalecimento dos músculos que sustentam a coluna”, afirma o fisioterapeuta.